Em Pontal do Paraná, muitos animais abandonados ganham uma nova chance graças ao trabalho realizado pelos protetores independentes.
São pessoas que atuam sozinhas no resgate e em alguns casos, recebem o apoio esporádico do poder público, do empresariado e da comunidade em geral. Não atuam como ONG, mas lutam para driblar as adversidades em prol da causa animal, mesmo que muitas vezes, os recursos sejam limitados.
É o caso da protetora Lucimeire Francisca Nazário que atualmente abriga 9 animais em sua casa, todos resgatados da rua.
“Eu nasci amando os animais incondicionalmente e mesmo sem a menor condição financeira, sempre os resgatei desde criança. Quando cheguei em Pontal do Paraná há 28 anos já resgatava e não haviam tantos protetores independentes como hoje. Na época, todos os animais que resgatava, eu cuidava e ficava com eles para mim, cheguei a ter 12 cachorros e 8 gatos. Com o passar do tempo, as coisas foram mudando e a quantidade de animais nas ruas aumentando”, conta ela.
Segundo Lucimeire, o número de animais abandonados pelas ruas de Pontal do Paraná nunca foi tão grande como nos últimos tempos. Na mesma proporção, crescem os casos de maus-tratos.
“Nunca vi tanta barbaridade como hoje e descaso do ser humano com os animais. Aqui em Pontal são muitos os bichinhos jogados nas ruas, além de alguns veranistas que abandonam os cachorros aqui, muitos abandonam nas estradas e no mato, aqui em minha porta já deixaram também, chegaram ao ponto de jogar três gatos filhotes na porta do meu serviço e depois fugiram”, relata.
Para dar continuidade ao trabalho de resgate, Lucimeire precisa da ajuda da comunidade, pois os gastos com os animais vão muito além da compra de ração. Para saber como colaborar, entre em contato através do número: (41) 99998-1843.
“Hoje recebo ajuda com ração que a prefeitura nos fornece, doações provenientes de empresários da região, uma ajuda que eles lutam para conseguir. Ainda assim precisamos de mais ajuda, pois são inúmeras as necessidades. A maior delas é para realizar os exames, porque quando resgatamos temos que tirar do nosso bolso para pagar. Outra necessidade é para comprar os remédios, em determinado momento, precisei escolher entre comprar o meu remédio ou o do meu gato que está adoecido, resumindo, paguei R$ 200 no medicamento dele, além do exame”, destaca.
Os animais vítimas de abandono e maus-tratos em Pontal do Paraná, também contam com a dedicação de um outro anjo conhecido como Cris.
“Comecei a resgatar os animais por amor e por ver o sofrimento deles, muitas vezes estão doentes ou vivem em situações precárias. Por aqui é grande o abandono, as pessoas que pegam o animal, se mudam e deixam o bichinho para trás. Também existem os animais que já nasceram nas ruas e os gatos que nascem em casas fechadas e crescem ariscos, o que torna praticamente impossível a captura e a castração, a adoção desses gatos é quase impossível. Também vemos os casos dos animais que são trazidos de fora e abandonados aqui no Litoral, dentre tantas outras situações”, pontua a protetora.
Assim como a Lucimeire, Cris também precisa de doações para continuar cuidando dos animais como eles precisam e merecem.
“A ajuda que estamos recebendo é a ração, mas é uma quantidade baixa e que não suporta a quantidade de animais resgatados que muitos protetores têm em casa. Com a doação, alguns chegam a receber de 15 a 30 kg de ração por mês e dependendo da quantidade de animais é pouco, pois um animal de grande porte come praticamente isso mensalmente, imagina para quem tem 10, 20, 30 cães, gasta por dia essa quantidade”, explica.
Os medicamentos também são indispensáveis e uma das principais necessidades das cuidadoras.
“Precisamos de uma maior quantidade de ração e também medicamentos, eles geram muitos gastos e são todos comprados, além das vacinas. Quando um animal é resgatado das ruas, geralmente está adoecido e necessita de cuidados especiais”, ressalta.
Cris relembra algumas histórias de resgate que marcaram a sua trajetória.
“São muitas histórias marcantes, mas acho que posso destacar o caso da Pretinha, uma cadelinha que havia sofrido um acidente e ficou cerca de três dias no mato, sozinha, com a pata toda dilacerada com o osso para fora, o machucado estava cheio de bicho. Foi um tratamento longo para tentar salvar a pata e para nossa felicidade, conseguimos! Já recebemos casos de cães abandonados e amarrados no mato para morrer, um buraco chegou a ser cavado para enterrar uma cadela viva e quando chegamos, o pessoal saiu para buscar uma pá e aproveitamos para resgatá-la. Enfim, são muitas e muitas histórias que ainda dão uma tristeza só de lembrar”, conta ela.
Para a protetora, a conscientização é fundamental para reduzir os casos de abandono e maus-tratos aos animais.
“Acho que o fundamental é a conscientização sobre o abandono e maus-tratos, além disso, os animais sempre estão precisando de ração e medicamentos. Para ajudar entre em contato através do telefone: (41) 99882-3504“, completa a protetora.