Crianças lutam contra o tempo, para driblar efeitos da pandemia na alfabetização

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Há mais de dois anos, a pandemia de Covid-19, deu seus primeiros sinais no Brasil e muitos reflexos deste momento delicado vivenciado pela humanidade começam a aparecer. Entre eles: os prejuízos gerados na alfabetização de crianças, devido à ausência das aulas presenciais.

Segundo uma recente nota técnica do “Todos Pela Educação”, sobre os impactos da pandemia no aprendizado de crianças e jovens brasileiros, entre os anos de 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever. Esse número passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021.

O documento “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças” é produzido com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2021. Ele compara os números correspondentes ao terceiro trimestre de cada ano e confirma os efeitos negativos da pandemia de Covid-19 sobre a Educação Pública brasileira.

Esse novo cenário gera grandes desafios, como cumprir a meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prega a alfabetização de todas as crianças até, no máximo, o final do terceiro ano do Ensino Fundamental.

Mara Santos tem sentido esses reflexos dentro de casa, ela é avó do Otávio de 6 anos, que cursa o 1º ano do ensino fundamental em uma escola particular da cidade. Devido a pandemia de Covid-19, a família achou melhor que ele se afastasse por quase dois anos das aulas presenciais e agora precisa lutar contra o tempo para que a criança acompanhe as disciplinas sem grandes prejuízos.

“Durante o tempo em que ele ficou afastado das aulas, ensinávamos em casa, com auxílio de plataformas digitais, mas nunca é a mesma coisa, ainda mais no caso dele que está em período de alfabetização. No início deste ano, o Otávio voltou a estudar presencialmente em outra escola e é obvio que é um processo, um dia após o outro, mas não dá para dizer que não houve prejuízo, foi muito tempo de afastamento. O que mais sentimos é a questão da concentração, ele fica muito disperso, mas é um menino inteligente e logo estará 100%”, conta a avó.

A professora Isabela Ribeiro, leciona na rede municipal de ensino de Paranaguá e sente diariamente os prejuízos que o afastamento social exigido pela pandemia, causaram na educação, em especial, para crianças em idade de alfabetização.

“Atrapalhou muito, principalmente os alunos que não têm o apoio familiar, pois percebo que apresentam uma defasagem maior. Antes da pandemia a sala não era homogênea, pois cada um aprende no seu tempo. Só que atualmente a defasagem de alguns é tão grande, que há salas multisseriadas”.

A professora continua. “Por exemplo, estou com um segundo ano e tenho aluno a nível de pré-escola, de primeiro ano inicial e alguns como se tivesse no final do primeiro ano, alunos que podemos considerar de segundo ano, mas com defasagem e aqueles alunos que estão no nível de segundo ano e vão para o terceiro sem dificuldade”.

A educadora também deixa uma dica aos pais ou responsáveis, os quais, segundo ela, são fundamentais nesta retomada. “Sempre peço aos pais que incentivem a leitura e a escrita, oriento para que façam auto ditado, aquele em que a criança observa a figura e escreve o nome. Acredito que o apoio familiar é e sempre será essencial para o desenvolvimento da criança principalmente no período da alfabetização”, conclui professora Isabela.