Ser mãe é uma dádiva que muitas mulheres recebem, mas fazer a diferença na vida de um filho é apenas para pessoas singulares. Este é o caso de Stella Alves Polidoro, mãe de três filhos – Kimberly, Bárbara e do bebê Raul Miguel. O caçula da família, hoje com 1 ano e 1 mês, nasceu com surdez bilateral profunda, ou seja, Raul não ouve absolutamente nenhum som. Os pais descobriram a deficiência auditiva no terceiro dia de vida do bebê, após receber o Teste da Orelhinha no hospital. Eles refizeram o exame, o que confirmou a surdez na criança. “Foi tão difícil para nós no começo, ficamos perdidos. Eu olhava para ele e não acreditava que meu filho não ouvia minha voz. Eu chorava, não sabia nada sobre essa deficiência. Então fomos atrás de ajuda médica para o nosso pequeno”, conta Stella.
Em casos como o de Raul Miguel, poucos serviços médicos são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que fez a família buscar, através de rifas e com a criação de um delivery de cachorro quente – cujo nome é em homenagem ao filho, chamado de Miguelito pelos amigos , uma ajuda nos gastos para o início do tratamento da criança. “Fomos atrás de consultas e exames, tudo particular. Tivemos muita ajuda dos nossos amigos e da comunidade do bairro Alexandra, onde moramos, que fizeram de tudo para nos auxiliar com o tratamento do nosso bebê. Como não pude voltar a trabalhar, decidimos abrir um delivery em casa para, também, ajudar nas despesas. Eu faço os lanches e meu marido, as entregas. Assim, podemos dar um tratamento melhor ao nosso filho”.
Raul Miguel faz consultas semanais em Curitiba, com uma equipe médica especializada em atender casos como os dele. Especialistas afirmam que, quanto antes for detectada a perca auditiva, menores serão os danos na saúde e na vida do paciente, e como já foi diagnosticado, a criança aguarda a cirurgia de implante coclear, que poderá dar a ele a possibilidade de ouvir. “A surdez bilateral profunda é um grau em que o aparelho auditivo não tem resposta, que o impossibilitaria ele até a falar. Porém hoje, com a medicina tão avançada, é possível ele escutar e falar através da cirurgia para a colocação do implante coclear.
Raul está na fila de espera por esse procedimento cirúrgico, que graças a Deus o SUS oferece. A ansiedade é grande pela cirurgia, mesmo sabendo que ele nunca vai deixar de ser surdo, mais vai ser um surdo que ouve”, explica Stella. Enquanto aguarda o implante, ele segue o tratamento, e conta com a ajuda de toda a família. “Fomos pesquisando, aprendendo e trabalhando com ele, tenho orgulho de ser mãe de um filho especial. Sempre fomos muito unidos, minha família é muito amorosa e um cuida do outro. Raul chegou e alegrou ainda mais as nossas vidas, passamos o dia aprendendo e ensinando ele, ajudando na terapia… o pai e as irmãs tem um cuidado tão grande, é emocionante de ver. Comemoramos cada vez que ele aprende alguma coisa nova”, conta ela.
Stella fala de quanto se sente privilegiada em ser mãe de uma criança especial. “Ter um filho especial é algo único, é um novo mundo, com novas ideias, dúvidas, vitórias e aprendizados, um mundo só teu e dele. Ser mãe especial é ter um olhar especial e nunca desistir, e sim lutar, pesquisar, tentar, mergulhar nesse universo e ir além. É querer e caminhar juntos, aceitar esse presente, pois você foi escolhida para ser uma mãe especial. Eu amo ser a mãe do Raul”.
