O ano de 2020 foi marcado pela pandemia da COVID-19 em todo o mundo. Alto número de casos, isolamento, distanciamento e o pior dos momentos, os óbitos, foram as passagens do dia a dia a mais de um ano.
Em meio a tantas duvidas, nós do portal E+ Noticias, entrevistamos o Dr. João Zattar, ele que é parnanguara e formado na Universidade Federal do Paraná, e vem sendo o grande nome na cidade de Paranaguá no que diz respeito as dúvidas, onde usa sua rede social para interagir com os pacientes e não pacientes.
Confira abaixo como foi essa entrevista:
1- Doutor você poderia explicar sobre esse pico da covid em nossa região e porque aumentou ainda mais em 2021?
Olá. Veja bem, o aumento do número de casos de COVID19 aqui em nossa região deve-se pelo mesmo motivo que tivemos praticamente no Brasil inteiro: afrouxamento das medidas de distanciamento social e surgimento da nova variante P1.
2- Sobre as vacinas produzidas, poderia explicar tudo sobre elas?
Didaticamente podemos dividir as vacinas em 2 tipos: feita de vírus vivo atenuado – fraquinho – e feita de vírus morto inativo. A vacina de febre amarela, é de vírus vivo, enquanto, da gripe, de vírus morto. A Coronavac é uma vacina produzida com o vírus morto, INCAPAZ DE CAUSAR A COVID19. Já a Oxford também é vírus morto, no entanto, são partes dele integrada a um ADENOVÍRUS de chimpanzé que não causa doença em humanos. Nessa mesma linha temos a SPUTINIK, vacina russa. E, surgiu, dessa forma uma outra linha de vacinas, as feitas de RNA. Ou seja, são parte do material genético do vírus empacotado em um pacotinho de gordura. Dentre elas, temos: PFIZER e MODERNA. Todas podem ter efeitos colaterais locais, como vermelhidão ou dor no local da aplicação, ou sistêmicos, como dor no corpo ou febre. Normalmente, não passam de 48 a 72 h após a vacinação.
3- Alguma possibilidade de a vacina gerar alguma complicação ao paciente? Quem está com covid pode tomar?
Ainda estamos no início das aplicações, por isso, acredito muito cedo para bater o martelo e dizer o que pode acontecer. No entanto, sabemos por estudos clínicos de fase 2 e 3 que elas são muito seguras e com pouquíssimos efeitos colaterais locais ou sistêmicos como explicado acima. Quem está com qualquer doença infecciosa aguda, tanto covid quanto dengue, não deve tomar a vacina. Essa pessoa deve ir ao médico e se possível aguardar ao menos 30 dias após o primeiro sintoma para tomar a PRIMEIRA ou SEGUNDA dose da VACINA DA COVID.
4- Na sua opinião qual seria a previsão de todos em Paranaguá e litoral estarem vacinados?
Não tem como sabermos disso. Pois depende de inúmeras variáveis, a principal delas, a entrega por parte do governo federal. Posso lhe afirmar, que os governos estaduais e municipais estão realizando um trabalho excepcional e muito rápido.
Desejo e espero, que ao menos até final desse primeiro semestre, tenhamos, ao menos, vacinados a todos que fazem parte do grupo de risco.
5- Além da covid-19, a dengue voltou a assombrar nosso litoral. O que falar sobre isso?
Estamos em uma delicada epidemia de dengue nesse ano de 2021. Notavelmente, diferente daquela que tivemos em 2016. Casos mais graves proporcionalmente ao número de infectados. Tenho 3 hipóteses para isso.
1ª) O sorotipo da dengue atual predominante é o DENV2, enquanto que em 2016, era DENV1. Sabemos, que o DENV2 está muito mais ligado a casos graves.
2ª) O número de reinfecção está muito maior. Dessa forma, aumenta a chance de os pacientes evoluírem para quadros mais graves, como febre hemorrágica ou síndrome do choque da dengue.
3ª) Há uma grande quantidade de pessoas contraindo a COVID19 e poucos dias ou semana depois de saírem da quarentena, adquirindo a DENGUE. Ou seja, o sistema imunológico ainda em recuperação por uma doença viral é atacado por outra em pouco tempo.
Fora toda essa situação, temos o fato das pessoas estão maior parte do tempo em casa, confinadas e produzindo mais lixos. Lembrando que basta um foco na vizinhança para infectar alguns quarteirões.
Dessa forma, o que mais tenho visto no consultório, são famílias inteiras pegando DENGUE ao mesmo tempo. O que até nos passa a impressão errônea de ser uma doença contagiosa. Sabendo que não é.
6- Pela sua experiência, os óbitos que vem ocorrendo pela covid-19 poderiam ser evitados de alguma forma?
Para evitar os óbitos da COVID, nós temos que evitar o contágio pela doença. Como médico, posso lhe afirma, que é uma doença difícil de controlar quando atinge a fase mais inflamatória, que leva o paciente ao internamento ou a unidade de terapia intensiva.
Assim, a melhor forma é NÃO PEGAR. E, aqui, as recomendações são as mesmas já feitas há mais de 1 ano: uso de máscara, distanciamento social e higiene pessoal.
Claro que, caso, inevitavelmente, você tenha sintomas da covid19, como FEBRE, TOSSE, DOR DE GARGANTA, CONGESTÃO NASAL e PERDA DO CHEIRO E GOSTO, deve procurar o pronto atendimento e se ISOLAR. Atentar-se aos sinais de ALARME, como FEBRE E FALTA DE AR a partir do 8º dia de doença e retornar ao médico, caso isso ocorra.
