Ensino a distância: O desafio de educar em tempos de pandemia

Estudantes de todo o planeta ficaram fora das salas de aula em algum momento durante a pandemia. Crédito da foto: OCP News

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Todos os dias, a avó Mara Santos acorda cedinho para dar uma conferida no grupo de WhatsApp da Escola Municipal Presidente Costa e Silva, onde o neto Otávio Santos, de cinco anos estuda. A partir das 07 horas da manhã, as atividades são repassadas pelo grupo da escola aos pais. As professoras dão as instruções básicas e solicitam que após o término, as lições sejam enviadas de volta para a correção e posteriormente arquivadas na pasta de cada estudante.

Parece simples, mas a suspensão das aulas presenciais nas escolas devido a pandemia, tem sido um enorme desafio para pais e professores. Segundo um relatório do Banco Mundial, mais de 1,5 bilhões de alunos ficaram sem estudos presenciais em 160 países. O número representa mais de 90% de todos os estudantes do planeta.

Aqui no Brasil, a lei não autoriza que a educação básica seja feita no ensino a distância (EAD), mas devido a emergência de saúde pública instaurada pela pandemia de Covid-19 não teve outro jeito. Com o auxílio dos suportes remotos de ensino e a introdução de novas tecnologias, apoiada em tecnologias digitais, a educação teve que se renovar drasticamente e em um curto espaço de tempo.

Essa mudança repentina do ensino presencial para o EAD, praticamente sem nenhum planejamento, trouxe inúmeros desafios para gestores, professores e alunos, os quais dificultam a aprendizagem longe da sala de aula.

E essa dificuldade é sentida dentro de casa na hora de cada nova atividade, a avó Mara Santos conta que o neto tem acompanhado bem as mudanças, mas nem tudo é como antes. “Ele está aprendendo, mas é muito desafiador você encarar o papel de professor, que na minha opinião é insubstituível.  O maior problema é que ele sente falta da socialização que a aula presencial proporciona, de estar junto com os coleguinhas, para brincar, lanchar, fazer as atividades. Querendo ou não, estas pequenas coisas ajudam no aprendizado e o tornam mais prazeroso para as crianças”, afirma Mara.

Já na casa da Mayra Hiolanda são duas crianças em idade escolar, a responsabilidade dos pais é dobrada. “É um momento difícil toda essa situação que estamos passando com as crianças em casa atualmente.  Não é todo dia que estamos com a disposição total deles e não é todo dia que as crianças estão bem também. É muito complicado tudo isso, pois não temos o dom que os professores têm de ensinar e não temos a mesma paciência também. Tenho certeza de que os pais de alunos, assim como as crianças estão ansiosos demais pela volta das aulas presenciais”, destacou Mayra.

A dificuldade em se acostumar com esse formato não é uma exclusividade dos pais e responsáveis, os professores também enfrentaram desafios enormes para aprender esse novo jeito de ensinar, como conta a professora Isabela Ferreira, docente da Escola Municipal Edinéia Marise Marques Garcia.

Professora da rede municipal, Isabela Ferreira relata os desafios deste novo formato de educação. Crédito da foto: Redes sociais da entrevistada

“A educação remota foi um desafio muito grande nesta pandemia, inúmeros professores tiveram que aprender a usar a tecnologia (computador, celular mais avançado, programas de gravação e edição de vídeo, fazer vídeo chamada, construir jogos digitais, etc), eu costumo dizer que muitos tiveram que ser alfabetizados tecnologicamente pois não sabiam nada”.

A professora ainda destaca que até mesmo seus horários de trabalho foram alterados, em virtude da suspensão das aulas presenciais.

“A mudança na rotina também foi muito difícil, pois agora não temos um horário fixo para trabalhar, trabalhamos de manhã, tarde, noite e olhe lá se não de madrugada, pois os pais mandam mensagem a qualquer hora, eu compreendo que não está sendo fácil para eles também, por isso tento responder sempre no horário que eles mandam, porque sei que é o horário que eles conseguiram tirar um tempo para ajudar seu filho(a)”, completa a professora.

A professora Isabela Ferreira, também faz um desabafo para quem acha que os educadores não estão trabalhando durante este período de aulas remotas.

“Fico muito triste quando escuto alguém criticando os professores dizendo que não estamos trabalhando durante a pandemia, mudamos totalmente a nossa rotina, não estamos de férias, convido quem duvidar do nosso trabalho, a trabalhar um dia como professor”, finaliza ela.