Funcionários denunciam supostas irregularidades no CISLIPA

Foto: Reprodução/Internet

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Dois funcionários do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Litoral do Paraná (Cislipa) denunciaram supostas irregularidades cometidas por servidores dentro do ambiente de trabalho. As acusações foram feitas no dia 31 de março, durante entrevista concedida ao “Tvfala” de Antonina – programa veiculado pela internet.

Um dos denunciantes é o condutor dos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Marcos Paulo Viana. Ele relata que a administração feita pelo presidente do Cislipa, José Paulo Vieira Azim – conhecido como Zé Paulo – o qual também é prefeito de Antonina, está cheia de erros.

“A partir do momento em que Zé Paulo colocou uma prima dele, que é enfermeira, para coordenar os técnicos de enfermagem e enfermeiros, e contratou o ex-vereador Vitor Fernandes para comandar a parte de condutores e manutenção de viaturas, a gestão desandou. Os funcionários começaram a ficar insatisfeitos”, afirma.

Na sequência, o servidor levantou a questão de desvio de verbas, assim como a falta de itens obrigatórios para exercer a sua função. Segundo ele, foi preciso recorrer à humilhação para pedir os materiais de trabalho.

“Por que surrupiar verba que veio para o Cislipa? Verba que veio para a manutenção, dinheiro do estado. A gente não teve máscara e Equipamento de Proteção Individual (EPI). Tinha que ficar mendigando material para a linha de frente da Covid-19. Uniforme, para você ter uma ideia, eles foram dar quase dois anos depois”, complementa.

Salários altos X plantão irregular

De acordo com o condutor do SAMU, os salários de seus colegas são exorbitantes. Os valores, ainda conforme Viana, chegam a quase R$ 20 mil. “Tem técnico de enfermagem ganhando R$ 7 mil a R$ 9 mil. Tem enfermeiro faturando de R$ 15 mil a R$ 19 mil. Onde já se viu isso. Tem enfermeiro comemorando a compra de uma geladeira de R$ 15 mil. Tem muita coisa errada”, expõe.

O denunciante diz, também, que há irregularidades na escala de trabalho, assim como repasses de valores entre colegas durante substituições de plantões.

“Colocaram o pessoal da casa (Cislipa) para fazer plantão, o que é proibido pela lei da licitação. É a mesma fonte pagadora. A coordenação de enfermagem tirou um profissional da escala fixa e colocou uma contratada no lugar dele. A funcionária foi reclamar do pagamento atrasado e a coordenadora disse para ela esperar o enfermeiro receber o salário para fazer o repasse. Como um funcionário vai pagar um terceirizado?”, conta.

Festa durante expediente

O condutor do SAMU faz outra declaração grave. Viana afirma que – durante uma confraternização das empresas ganhadoras da licitação do Cislipa – servidores ingeriram bebida alcoólica em horário de trabalho. “A comemoração das quatro empresas vencedoras da licitação foi na festa do Cislipa. Três ambulâncias estavam lá. Funcionários de plantão tomando chopp e cervejinha. Todo mundo comendo do bom e do melhor”, diz.

Local insalubre e afastamento do trabalho

A enfermeira Joice Nunes também denuncia algumas questões enfrentadas durante o exercício de sua função. Em seu discurso, foi citada a Operação Verão 2021/2022, que – segundo ela – apresentou falta de estrutura.

“Nessa Operação verão, que foi bem desorganizada, a gente podia verificar – dentro de algumas bases –  uma desestrutura muito grande. As condições eram insalubres. Tinha local com colchão mofado. Não tínhamos um lugar adequado para alimentação”, relata a profissional.

Joice, que é contratada pelo regime RPA (Recibo de Pagamento Autônomo), está afastada do trabalho. Ela afirma que isso ocorreu por conta das denúncias feitas aos órgãos que fiscalizam o Cislipa.

“Mediante as denúncias feitas aos órgãos competentes, eu fui afastada; inclusive, do SAMU. Não estou autorizada a realizar nenhum tipo de plantão. Até agora, não consegui nenhuma informação, porque – simplesmente – do dia para a noite, informaram que eu estava descredenciada. Não fui informada sobre o porquê desse descredenciamento; sendo que, como profissional, nunca tive um conduta errada. Não fiz nada que fosse contrário a minha ética profissional”, desabafa.

Ainda de acordo com a profissional, outras pessoas  já passaram pela mesma situação. “E não foi só comigo. Tem outras pessoas que também passaram por isso. Lá são escolhidos a dedo os profissionais que atuam. Então, existem grupos na internet, tanto de condutores quanto de enfermeiros, onde eles lançam as vagas. Aí você não é selecionado porque você não é amigo”, conclui.

Vale destacar que os delatores já protocolaram as denúncias no Ministério Público do Paraná (MPPR) e no Conselho Regional de Enfermagem (Coren).

O que diz o Cislipa

O Departamento de Jornalismo do Portal E+ Notícias entrou em contato com o Cislipa. A direção do órgão apenas informou que estão sendo levantadas todas as denúncias e que, em breve, será publicada uma nota sobre o caso.

A equipe de reportagem não conseguiu contato com o presidente do Consórcio Intermunicipal, José Paulo Vieira Azim, nem com o ex-vereador Vitor Fernandes, o qual foi exonerado do cargo.