A Língua Brasileira de Sinais, conhecida amplamente como Libras, é usada por milhares de surdos e também ouvintes em todo mundo. De acordo com o IBGE, há mais de dez milhões de pessoas com alguma deficiência auditiva no Brasil, o que resultou na criação da primeira escola para surdos já no século XIX e por consequência, na criação da Libras.
Em 2002, devido ao amplo desenvolvimento de políticas de inclusão para a comunidade surda, a Libras foi reconhecida como língua oficial pela lei 10.436 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. No Brasil, o dia 24 de abril foi escolhido para ressaltar a importância da inclusão e acessibilidade, pois, ao longo dos anos foram inúmeras as conquistas, mas ainda há muito para ser alcançado.
Em Paranaguá, a vereadora Isabelle Dias, faz história na política local, ela é a primeira vereadora surda da história da câmara, e em entrevista a nossa equipe, ela destacou a importância do dia da Libras.
“No dia 24 de abril a Libras é reconhecida como língua brasileira de sinais e também como comunicação, parte estrutural de uma gramática, é como se tivesse uma modalidade da língua portuguesa e uma da língua brasileira de sinais, elas são diferentes. Outro fato interessante é que a Libras não é universal, ela muda de acordo com o país”.
Ocupar uma cadeira na câmara de vereadores, representa muito para Isabelle, que há anos é engajada na luta pelos direitos de inclusão e igualdade da comunidade surda em Paranaguá, ela é proprietária de uma escola de Libras e foi uma das responsáveis pela mobilização que impediu o fechamento da Escola Nydia Moreira Garcez (CEDAP), escola bilíngue do litoral do Paraná.
Isabelle, reforça que a comunidade surda já possui muitas conquistas, mas ainda há muito a ser feito. “Em todo litoral, temos aproximadamente 400 surdos, na verdade há muito mais, mas eles não se sentem com a identidade surda, por isso, na semana passada, apresentei um projeto na câmara de vereadores para a criação da Central do Surdo, local para dar acesso aos surdos na área da saúde e também em outras áreas, um local em que o surdo se comunique, participe e frequente. Nas escolas, em algumas igrejas e até na câmara de vereadores temos intérprete, mas ainda há muito o que conquistar”.
A vereadora elaborou mais dois outros projetos que serão votados, um é para oficializar no município o dia do surdo e o outro para celebrar o dia do tradutor intérprete. Aos 31 anos, casada e mãe, ela vê nesta oportunidade como vereadora, uma maneira de representar não somente os surdos, mas todos os parnanguaras que precisam ser ouvidos.
“É importante ressaltar, que eu não vou desprezar outras bandeiras, ficar focada na minha bandeira e desprezar outras prioridades, como as necessidades dos moradores das colônias, tem como a gente atender, fazer uma troca, com toda a comunidade”.
“Outro sonho é a mobilidade urbana para a pessoa com deficiência, como os cegos e cadeirantes, para que eles tenham a tão sonhada autonomia, finalizou a vereadora.