Médico esclarece dúvidas sobre a vacina contra a Covid-19

Na imagem, o médico João Felipe Zattar. Crédito da foto: Redes Sociais

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O Portal E+ Notícias conversou com o médico parnanguara João Felipe Zattar, ele falou sobre um dos assuntos mais discutidos no momento, “a escolha” da vacina por algumas pessoas na hora de se imunizar contra a Covid-19. Na entrevista, o médico também explicou o motivo de mortes entre idosos em decorrência do coronavírus, mesmo recebendo as duas doses do imunizante. Confira!

Muitas pessoas estão “escolhendo” qual vacina tomar na hora de se imunizar contra a Covid-19. Por isso acontece?

A escolha da vacina é algo inerente diante do fato que estamos em um contexto onde existem vacinas mais eficazes e menos eficazes. Então, naturalmente o ser humano vai querer escolher a vacina mais eficaz, mas a gente tem que ter a noção que isso não cabe neste contexto porque a vacina ela é um bem de proteção coletiva e não individual. Não adianta você tomar uma vacina mais eficaz e todas as outras pessoas tomarem vacinas menos eficazes, no contexto geral todos vão estar menos protegidos, tem que haver uma certa miscigenação. Então, não adianta você escolher vacina, tome a vacina que tem, até porque todas que tiverem disponíveis são aprovadas pela Anvisa.

Todas as vacinas são realmente eficazes?

Veja bem, todas as vacinas têm se mostrado bastante eficazes na prevenção contra morte ou internamento em decorrência da Covid-19, até então. Claro que existem umas que são mais eficazes do que a outra, isso depende também da variante da Covid-19 que estamos nos impondo.

Há pessoas que recebem a primeira dose e não retornam aos pontos de vacinação para completar o ciclo de imunização. Qual o problema que isso gera?

O ideal é você tomar o regime de doses preconizado, então se sua vacina é para duas doses, tome as duas doses se é uma dose, toma uma dose só. A gente tem visto estudos que algumas vacinas, como por exemplo da Oxford / AstraZeneca, pode ter uma proteção que chega a 70% depois de 21 dias de aplicação da primeira dose e a vacina da Pfizer pode chegar até a 80% de eficácia na primeira dose após 21 dias. No entanto, isso diminui bastante quando falamos de variantes, por exemplo, a variante da Delta quando aplicada uma vacina da Pfizer a eficácia não chega nem a 30% e isso é muito pouco. Por isso, é preciso tomar as duas doses, tomando a segunda dose, a eficácia pode chegar até 90% quando falamos em uma vacina da Pfizer, por exemplo.

Mesmo recebendo as duas doses da vacina, as medidas de proteção contra a Covid-19 devem continuar, não é mesmo?

Tomar a vacina não garante que você não vá pegar Covid-19 , nenhuma vacina tem eficácia de 100%, por isso, é importante você manter as medidas de isolamento social, manter a utilização da máscara e álcool e gel. Até porque, estamos diante de uma situação onde várias pessoas ainda não tomaram a vacina, já outras, receberam apenas uma dose, então,  não podemos deixar de nos proteger. Há pessoas que não estão no mesmo nível, no mesmo patamar de proteção do que as que tomaram, por exemplo, as duas doses, tem que se proteger da mesma forma, afinal de contas, até tomando a vacina você pode pegar a Covid-19 e transmitir a doença.

Há registros de mortes de idosos que faleceram em decorrência da Covid-19 mesmo recebendo as duas doses da vacina. Por isso acontece?

Realmente eu tenho atendido alguns pacientes idosos que acabam entrando em óbito mesmo tomando as duas doses da vacina CoranaVac. Veja, estamos diante de uma situação em que as vacinas não têm 100% de proteção contra óbitos para a Covid-19 nenhuma nela, nem a CoranaVac, nem a Pfizer, nem a AstraZeca, nenhuma. Agora o pior, é que estamos diante de contexto onde há uma alta taxa de contágio e do fato que infelizmente os idosos tiveram somente como opção tomar a CoranaVac que naturalmente por ser uma vacina de vírus inativo (morto), a gente sabe que tem uma proteção menor, muito menor ainda em idosos. Então, isso é até um contrassenso, eles teriam que ser um grupo que deveria tomar uma vacina com maior eficácia. Enquanto que as vacinas de menor eficácia, poderiam ficar restritas aqueles grupos de pessoas que não são tão vulneráveis, como os pacientes mais jovens.