Padre Emerson Zella fala sobre o significado do Dia de Finados

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O dia 2 de novembro, foi escolhido para homenagear pessoas queridas que já faleceram, ele é conhecido como o “Dia de Finados”.

A data foi estipulada, porque no dia anterior ( 1º) é celebrado pela Igreja Católica, o Dia de Todos os Santos.

Para muitos, um momento de tristeza, saudade e nostalgia, para outros, uma oportunidade de relembrar os bons momentos vividos.

O Padre Emerson Zella, Pároco da Catedral Diocesana de Paranaguá, concedeu uma entrevista para o Portal E+ Notícias explicando como surgiu a data, seu significado, importância e a programação litúrgica da Catedral para o dia 2 de novembro. Confira!

Padre, como surgiu o Dia de Finados?

“Enxugará as lágrimas de seus olhos e a morte já não existirá. Não haverá mais luto, nem pranto, nem dor, porque tudo isso já passou” (Ap 21,4).

O centro da fé cristã está na vida, morte e ressurreição de Jesus, o Cristo Senhor. O ápice da vida do filho de Deus foi sentir em sua carne a frieza da morte. Sem dúvida, ao doar amorosamente sua vida na cruz, Jesus viveu em sua própria carne a experiência da morte. Ele morreu realmente. Mas, a Graça de Deus, confirmando a mensagem e o testemunho de Sua vida o ressuscitou dos mortos e garantiu assim, a todos os fiéis que nele depositam suas esperanças, a possibilidade de transcender também a fase finita da vida e alcançar a plenitude da personalidade e potencialidades humanas, na realidade de fé que chamamos de Vida Eterna.

É importante termos presente, que desde muito cedo o Cristianismo celebrou os fiéis que morreram unidos à sua comunidade de fé. Os mártires eram venerados nos locais de seu martírio e as primeiras construções genuinamente cristãs foram monumentos em homenagem a estes heróis da fé. Além disso, as perseguições imperiais obrigavam os cristãos a refugiarem em catacumbas para celebração dos exercícios litúrgicos. E as catacumbas nada mais eram que os primeiros cemitérios cristãos. O costume de rezar pelos mortos em celebrações específicas parece ter surgido pelo fato de que não era possível realizar exéquias (celebração de despedida) dos cristãos no momento da morte, pois, tamanho era o medo da perseguição pagã. Assim, dias depois do fato, geralmente uma semana ou mesmo trinta dias, a comunidade reunia-se para as devidas homenagens ao falecido e aos familiares.

Tudo indica que foi no século X que, a partir do mosteiro do Cluny (famoso mosteiro na França), instituiu-se a comemoração dos mortos para o dia 2 de novembro, em íntimo contato com a festa de todos os santos (celebrada dia 01 de novembro).

Qual a importância da data para a Igreja Católica ?

No dia de Finados, não festejamos a morte. Seria uma ignorância e uma contradição. Celebramos sim, nossa fé na ressurreição e a esperança do encontro na morada que Jesus nos preparou, no seio amoroso de Deus. A comemoração dos fiéis defuntos é uma oportunidade ímpar para agradecer a Deus pela existência daqueles que nos precederam e, de certa forma, participaram da construção de nossa própria história.

O gesto mais comum em Finados é a visita ao cemitério, a participação na Eucaristia (Santa Missa) e as devoções próprias de cada cultura, como: acender velas, oferecer flores e enfeitar os túmulos dos falecidos, símbolos que nos aproximam do mistério da fé no Cristo Ressuscitado.

Haverá programação litúrgica na catedral no feriado?

​Em nossa Catedral Diocesana de Paranaguá, teremos dois horários de missa nesse finados de 2021, pela manhã às 8h30 e à noite às 19h.

Qual recado o senhor deixaria para quem perdeu um ente querido e ainda sofre com a dor da saudade?

O luto, humanamente falando, é sempre um momento muito difícil e dolorido, pois, nos encontramos diante de um mistério, no entanto, para as pessoas de fé, encontramos em Cristo, fortaleza e auxílio para vivê-lo com sobriedade e mansidão. A vida de oração e a esperança do reencontro nos faz enxergar além do sentimento de que “perdemos” alguém.

A fé nos revela que é uma despedida de “até breve”, conscientes de que um dia iremos nos reencontrar. Nesse sentido, coloquemos nossa confiança em Deus e no Seu Amor, que Sua graça nos acompanhe a cada dia, e que em sua misericórdia nos faça viver plenamente a nossa vida fazendo um bem e nos prepare “uma morada eterna” (Jo 14,1-3) ao seu lado no céu. Amém.

Crédito da Foto – Folha do Litoral