Tradição Caiçara: Temporada de pesca da tainha tem surpreendido pescadores do Litoral

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Quem acompanha as redes sociais tem presenciado um verdadeiro espetáculo durante a temporada 2023 da pesca da tainha no Litoral do Paraná.

Segundo os pescadores da região, já fazia um bom tempo que o peixe não era encontrado de forma tão abundante. Regiões como Matinhos, Guaratuba, Ilha do Mel e Pontal do Paraná alcançaram números históricos nas últimas semanas.

No dia 21 de junho, por exemplo, pescadores de Pontal do Paraná conseguiram oito toneladas de tainha em um lanço nos balneários da região litorânea.

Já no último sábado (24), pescadores na Praia de Fora, Ilha do Mel, pescaram o equivalente a 1.800 kg de tainha. Dias antes, em 21 de junho, foram 3.041 kg capturados na região.

Entre os meses de maio e julho, o Litoral do Paraná vivencia a temporada da tainha. É a oportunidade do caiçara aproveitar o momento e garantir uma renda familiar mais expressiva, o período pode ser considerado o décimo terceiro salário do pescador.

Nos chamados lanços, uma técnica de pesca centenária e passada de geração em geração, eles pescam artesanalmente utilizando canoas sem motor, a base de remo. No momento da pesca colocam suas redes em círculos na água rasa, ficando cada um responsável por um determinado pedaço da rede, neste momento outros pescadores se juntam aos amigos e até os turistas que estão na areia ajudam a puxar a rede. Se tudo ocorrer como o previsto, a cada lanço eles puxam toneladas do peixe, que depois são retiradas do mar e divididas na areia entre cada família de pescador.

Existe outra modalidade mais moderna de pesca da tainha, denominada “Cerco de rede alta”, feito com barcos motorizados: em um ponto alto, um integrante dos grupos de pescadores, conhecido como vigia, fica responsável por monitorar a aproximação dos cardumes. Ao avistar a chegada das tainhas, ele avisa seus companheiros por rádio. Estes, se apressam em colocar as canoas na água e jogar a enorme rede de arrasto. A última etapa envolve duas equipes, que precisam puxar a rede em pontos diferentes até a areia.

É graças a fartura registrada nesse período, que os municípios organizam eventos gastronômicos, tendo a tainha como prato ou estrela principal. Municípios como Paranaguá, Pontal do Paraná, Ilha do Mel e Guaratuba prepararam a iguaria de várias formas, para agradar a todos os gostos.

Em Pontal do Paraná por exemplo, a tainha é conhecida como “Cambira” devido a sua forma de preparo: ela é servida defumada. Segundo a história, os pescadores não tinham geladeira, por isso, a tainha era salgada e colocada ao sol por 5 dias em uma espécie de varal. Ou, se o sol estivesse baixo ela era defumada em um processo chamado “fumeiro”, onde é salgada e recebe a fumaça (para ser defumada).

Uma vez seco, o peixe ía para a panela de barro com água e ingredientes facilmente encontrados na região, entre eles, a banana e os temperos verdes.

Foi aí que nasceu a Cambira até hoje muito apreciada por moradores e turistas. A receita que ganhou adaptações ao logo dos anos, também concedeu a Pontal do Paraná, o título de Capital Estadual da Cambira.

Vale lembrar que para a pesca da tainha acontecer é necessário o clima ideal: vento sul, água do mar bem fria e a temperatura baixa. Essa combinação somada a uma mãozinha da natureza faz com que a pesca da tainha seja muito produtiva.

Rodrigo Valentim, é morador de Encantadas na Ilha do Mel. Ele que é pescador, filho de pescadores e empresário, destaca que a pesca e a procura pela tainha nesse ano estão satisfatórias.

“A pesca está boa, em uma escala de 0 a 10 podemos dar um 8. A procura por parte do consumidor local está satisfatória, do turista, do comércio da região. O peixe é muito apreciado, ele é nosso Salmon brasileiro, circula muito bem dentro da ilha e a maior parte acaba sendo destinada para venda no continente, em Paranaguá, Curitiba e região. A oferta do peixe costuma ser muito boa nessa época do ano, entre a metade de junho até o mês de julho”, avalia Rodrigo.

Quando perguntado sobre alguma pesca da tainha que tenha ficado para a história na Ilha do Mel, ele lembra de um relato de seus ancestrais. Mas será verdade ou história de pescador?

“É uma história que circula desde a época dos meus pais, avós e bisavós. Há muito tempo, em Encantadas, os pescadores se juntaram para pescar a tainha, mas a quantidade foi tão grande que eles deram o lanço e não conseguiram tirar todos os peixes, em determinado momento, o cansaço era tanto que precisaram amarrar a rede de pesca nas árvores ao redor. Foi aí que algo supreendentemente aconteceu: a rede de pesca partiu ao meio com a força das tainhas”, conta Rodrigo.

Outra pesca histórica, mas essa mais recente e documentada através de fotos, foi registrada há dois anos.

“Outro lanço histórico foi em 2021 quando foram pescados 7.200 kg na Praia do Miguel”, relembra o empresário.

Festas que tem a Tainha como carro chefe fazem sucesso em nossa região:

Paranaguá

Os preparativos para a 12ª Festa Nacional da Tainha, um dos mais tradicionais eventos de Paranaguá, estão a todo vapor. Ela está programada para acontecer entre os dias 29 de junho e 9 de julho.

Cerca de 10 comunidades pesqueiras de Paranaguá estarão atuando nesta edição da Festa da Tainha que acontecerá em frente à Arena Albertina Salmon.

Guaratuba

A Prefeitura de Guaratuba promoveu entre os dias 7 e 11 de junho, a 18ª Festa da Tainha. O evento aconteceu no Mercado Municipal na rua Newton de Souza. A programação contou com diversas apresentações, atrativos gastronômicos, bingos e festival da canção.

Pontal do Paraná

Para fortalecer as tradições Caiçaras, a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Pontal do Paraná realiza o 2º Festival Gastronômico Caiçara de 1º a 30 de julho. Estão abertas as inscrições para os comerciantes que pretendem cadastrar suas receitas a base da tainha. Basta acessar o link: https://www.facebook.com/prefeiturapontal/posts/601039322125029.