Unidas pelo amor e pelo autismo, mãe e filha compartilham desafios e descobertas

Gostou deste conteúdo? compartilhe...

Facebook
WhatsApp
Email

Danielle Amorim tem 47 anos e é mãe da Gabriela Amorim, de 17 anos. Como mãe e filha, as duas possuem muitas coisas em comum e em determinado momento da vida descobriram mais uma semelhança: as duas são autistas.

O primeiro diagnóstico foi o da filha e logo em seguida foi Danielle quem descobriu o espectro autista. Ela contou para o Portal Mais Notícias como foi esse momento cheio de surpresas e desafios.

“Descobri meu autismo em 2019 com o diagnóstico de minha filha, mas somente ano passado fiz os testes e fechei meu laudo com o psiquiatra. Tudo começou porque sempre achei que a Gabi era um bebê diferente, pois não era muito sorridente, não respondia aos chamados rapidamente e na maioria das vezes nem respondia. Ela foi crescendo e apresentando estereotipais, teve atraso na fala e apenas aos 7 anos conseguiu falar com eficiência e conversar pequenas frases. Quando ela entrou na escola, logo fui chamada e busquei um neurologista que rapidamente fechou o diagnóstico em autismo”, relata a mãe.

“Primeiramente foi o autismo dela que descobrimos, mas seguindo os acompanhamentos, a neurologista já constatou que eu tinha muitos traços de autismo e que deveria buscar ajuda especializada, pois ela era neurologista infantil e precisaria de um especialista para que pudesse fechar meu diagnóstico. Na época não pude buscar ajuda, pois tive câncer de intestino e me tratei em 2010, somente em 2022 fui fechar meu diagnóstico e soube que era autista também”, conta a mãe.

Bióloga de formação, Danielle optou em deixar a profissão de lado para se dedicar ao desenvolvimento da filha.

Com o passar do tempo descobriu que além de ajudar a filha, poderia muito mais. Junto com outras mães, ela ajudou a fundar a primeira Associação de Autismo do Litoral do Paraná, a UFA – União de Famílias pelo Autismo de Paranaguá.

“Trabalhei por 14 anos na área de segurança alimentar primeiramente no MAPA e depois na Sadia hoje BRF, mas em 2014 tive que escolher entre a carreira ou ajudar minha filha a vencer as barreiras que o autismo impõem. Decidi largar a profissão de Bióloga e me dedicar exclusivamente para minha filha, ficando apenas meu marido com emprego e responsável pelo nosso sustento familiar. Ajudei outras mães a fundar a primeira Associação de Autismo do Litoral do Paraná, a UFA – União de Famílias pelo Autismo de Paranaguá. Hoje fazemos eventos de Páscoa para as crianças e damos as primeiras orientações para os familiares de autistas que chegam até nós, além de todo acolhimento necessário. Também buscamos junto aos órgãos públicos que executem as leis ou as implementem no nosso município. Atendemos quase 200 famílias diretamente, sendo elas de várias classes sociais”, relata Danielle.

Mas nem tudo foi calmaria na trajetória de descobertas de Danielle e Gabriela. As duas passaram por momentos muito delicados de preconceito e intolerância. Por outro lado, foram os momentos felizes que ficaram eternizados na memória.

“Nestes quase 18 anos de caminhada sendo 14 deles lutando pelo autismo quando nem se falava no assunto, foram diversas situações marcantes desde as mais revoltantes até as mais emocionantes, como seu filho ter crises em público e você ser julgado como péssimo pai/mãe (toda família autista passa por isso) ou você parar na vaga de carro para PCD tendo cartão e mesmo assim ser questionado para tirar seu carro. Mas também existem os momentos de muita emoção, como ouvir seu filho falar e expressar seus sentimentos de amor por você. Outro fato marcante foi agora em abril de 2023, no mês de conscientização do Autismo, a Gabi venceu um concurso nacional de desenho para artistas TEA, autodidata em artes, conseguindo se desenvolver a ponto de ter suas artes patrocinadas pelo Instituto Cog Life Arts (organização que incentiva a arte para artistas com Transtorno do especto Autista) e como consequência teve a marca “Reserva” de roupas vendendo produtos estampados com sua arte para todo Brasil. Tenho muito orgulho da minha menina”, conta Danielle.

Ela também deixa um conselho para as famílias que acabaram de saber que seu filho ou filha possui o autismo.

“O que eu falo sempre é que o autismo é uma condição que nos fez diferentes de diversas formas e intensidades, para mostrar que as coisas podem ter perspectivas e tempos diferentes também, porém não deixam de ser especiais. Não somos esquisitos nem agressivos, mas queremos fazer parte e sermos entendidos da forma que conseguimos nos comunicar, seja por sinais, por palavras, gestos ou sensações. O autismo para nós não pode ser barreira para as demais pessoas, mas sim um degrau para uma visão em outro ângulo. Os autistas precisam de ajuda nas suas dificuldades, mas somos capazes de fazer tudo o que quisermos. As famílias jamais podem desistir de seus autistas e sim dedicar muito amor, tempo, paciência e abnegação para eles”, completa Danielle.

Instituto Cog Life Arts

O Instituto Cog Life Arts tem como propósito empoderar os artistas com TEA (autismo) e promover a inclusão e a transformação de vidas.

A iniciativa atua na venda de produtos estampados com artes criadas por artistas com autismo. Desta forma, eles se sentem valorizados e ainda recebem uma comissão pela venda. A idealizadora é Flávia Gusmão, mãe de autista.

Acompanhe o Instituto aqui 👇🏻

https://www.institutocog.org/coglifearts